A todos os elementos do Rancho Folclórico de S. Miguel do Milharado
Governo Civil de Lisboa, Camara Municipal de Mafra, Junta de Freguesia
do Milharado, Sr. Paulo Johre da Conceição Ricardo, Familia Simões,
ao Páraco do Milharado, às pessoas do Casal do Pedragulho, e Castelo
Picão, Caixa de Crédito Agricola Mutuo de Mafra, Casas de Repouso
"S. José de Maria" e "Novolar", J. E. Nogueira Simões, Associação
Cultural e Desportiva do Milharado
Sr. Luciano Manuel Martins.
1º Sementeira do Trigo
Para se semear o trigo era preciso preparar a terra, com uma junta de bois.
A seguir lançava-se o trigo à terra, os homens sacholavam os cantos e os animais derregavam, abrindo regos e gradavam a terra.
A sementeira era feita em Janeiro e a ceifa em Junho.
2º Mondar o Trigo
Depois do trigo brotar era preciso mondá-lo e retirar-lhe as ervas daninhas envolventes.
O dono da sementeira contrava um grupo de mulheres para irem para os campos, transportando sachos para mondar o trigo e os cabazes com as merendas.
A acompanhar estas mulheres, estava sempre presente uma outra mulher, à qual chamavam a "aguadeira", que tinha por função carregar uma bilha de barro com água e um púcaro para dar de beber a quem tivesse sede.
3º Feira á Moda Antiga
Esta feira realizava-se em S. Miguel do Milharado aos Domingos no adro da igreja, à saída da missa, entre 1800 e 1910 extinguindo-se com a implantação da república.
Esta região era muito pobre, sendo o sustento da população proveniente da venda dos produtos oriundos da terra.
Os vendedores e vendedoras lançavam pregões dos produtos que tinham para vender.
O Rancho Folclórico de S. Miguel do Milharado, depois das recolhas que realizou, fez reviver no seu trabalho as tradições desta feira.
4º Eira a pá de Gado
Depois do trigo ceifado era preciso debulhá-lho entao fazia-se uma eira, seleccionava-se uma pedaço de terra e marcava-se com pedras, e dispostas em círculo.
De seguida, molhava-se o chão, espalhava-se a palha e era colocado um rebanho de ovelhas a andar à roda durante um determinado tempo, com a finalidade de calcarem o chão.
Assim era feita a eira, onde se debulhavam os cereais, nomeadamente o trigo, que com os malhos ou com um trilho puxado por animais eram posteriomente triturados
Por fim o trigo debulhado era limpo pelas cirandas.
5º Levar o Trigo ao Moinho
Depois de trigo ser debulhado na eira era ensacado e levado para os caixões, dava-se este nome ás arcas grandes de madeira onde se guardavam os cereais.
O moleiro pesava o trigo com um alqueire de 11Kg e o trigo era moído, sendo 9Kg entregues para vender, ficando o moleiro com os restantes 2Kg para pagar o seu trabalho.
Uma vez no moinho, o trigo era moído nas mós e uns dias mais tarde volta o burro para carregar os talegos com a farinha.
6º Fabrico do Pão
O processo iniciava-se com a produção do fermento.
À noite, era feito mais ou menos meio quilo de fermento.
No outro dia, juntava-se esse ingrediente a 15Kg de farinha peneirada e um pouco de sal e amassava-se tudo.
O forno ia aquecendo gradualmente e depois era mexido com um regadouro.
